Entendendo o comportamento do gato

Na era digital nós conseguimos nos comunicar com indivíduos nas mais remotas áreas do mundo, com diferentes línguas e dialetos.

Inventaram-se outras formas de comunicação como o braile e a libra para falar e se fazer compreender. Mesmo com esse desenvolvimento e novos recursos, ainda estamos “comendo bola” quando o assunto é entender a mensagem do gato que mora na nossa casa.

A maioria das queixas de problemas comportamentais é consequência de restrições da vida doméstica, impostas a uma espécie que não é verdadeiramente domesticada e também de uma má interpretação do proprietário do comportamento felino.

É importante compreender o comportamento felino para saber lidar com ele, seja na criação ou no trabalho do veterinário.

Na vida selvagem, os gatos vivem em grupos familiares e têm muito pouco contato com gatos estranhos. Eles caçam sozinhos e quando estão caçando, eles objetivam minimizar ao máximo qualquer interação com outro felino. Por esse motivo, a maioria dos sinais comportamentais do gato tem a intenção de aumentar a distância entre os indivíduos e aqueles sinais que encorajam a interação são reservados aos membros do grupo.

A sociedade felina é matriarcal, com fêmeas parentes mais velhas cuidando das crias umas das outras e defendendo os indivíduos do grupo. Sem a presença de uma rede hierárquica, como em casos de residências com vários gatos não parentes, a estabilidade do grupo depende dos comportamentos cooperativos, como lambedura mútua e o ato de se esfregarem.

Lambedura mútua:
Geralmente é vista em gatos que estão descansando juntos e parte dos dois indivíduos. Além de promover o fortalecimento de laços entre os membros do grupo, esse comportamento também é visto entre indivíduos que tiveram um desentendimento recente, como se estivessem fazendo as pazes.

Esfregando um no outro:
Esse comportamento visa misturar o cheiro e a troca carinho (sinal tátil). Ele parte de um indivíduo (geralmente do mais fraco) e pode demonstrar um reconhecimento da posição hierárquica do outro, como:

- Gatinhos se esfregam em todo mundo, com menor freqüência em machos adultos.
- Jovens se esfregam em fêmeas adultas.
- Fêmeas adultas se esfregam entre si e, ocasionalmente, em machos adultos.

O gato aproxima-se com o rabo levantado na intenção de se esfregar e o que vai acontecer a partir daí depende do gato receptor. Se o mesmo levantar o rabo, está demonstrando que permite o comportamento e então eles começam a se esfregar. Se o receptor não levantar a cauda, pode ainda permitir o comportamento, mas a iniciativa de aproximação deve ser do outro gato.

Esse comportamento é o mais visto entre gatos e humanos. Em caso de humanos, esse comportamento intenciona misturar os cheiros, transferindo para o dono o seu cheiro e assim permitindo o reconhecimento daquele indivíduo como membro do grupo social. Esse comportamento também é reconhecido pela intenção do gato em uma resposta do dono, como ser alimentado naquele instante.


CANAIS DE COMUNICAÇÃO:


É importante compreender os canais de comunicação do gato, que são:

- Comunicação olfatória (esfregando odores de glândulas, arranhando, marcando com urina, defecando)
- Comunicação Vocal
- Linguagem corporal (expressões faciais, posições do rabo)

Na comunicação olfatória o gato tem a intenção de se comunicar com outros indivíduos sem necessariamente ter contato com eles. Nesse sentido, o gato é altamente capacitado a enviar e receber mensagens por cheiros devido à presença de diversas glândulas pelo corpo e através do uso do órgão vomeronasal que vai interpretar esses odores.

Esfregando odores de glândulas e arranhando locais:
As maiores áreas de localização das glândulas produtoras de odores em gatos são a face, os flancos e a base da cauda, porém alguns gatos também apresentam glândulas nas palmas.

Os odores produzidos são únicos e permitem que um gato identifique outro do seu grupo social ou não.

Os gatos utilizam desses odores para marcarem seus territórios, como em cercas, móveis e até sacolas e novos objetos trazidos para casa. Os gatos também se esfregam na sola dos sapatos dos donos quando esses retornam para casa, devido à grande quantidade de odores que este trouxe da rua. A produção e o depósito desses odores estão diretamente relacionados com a socialização de uma interação social e com a familiarização com o ambiente.

Comercialmente são produzidos análogos de frações dos ferormônios F3 (Feliway) e F4 (Felifriend) e utilizados na prevenção e tratamento de certos problemas comportamentais.

Quando o gato arranha, ele está expressando um comportamento tanto funcional quanto de marcação. Nesse comportamento o gato está alongando os músculos e tendões para a caça, depositando odores que são produzidos nas suas palmas e deixando um sinal visual de sua presença, que é a arranhadura vertical.

Marcação com urina:
O uso da urina como marcador é comum na espécie felina e esse comportamento geralmente é realizado com o animal em pé. O nome “spraying” vem da posição característica do gato que se posiciona de costas para a área vertical a ser marcada e lança jatos de urina na horizontal.

Alguns gatos podem realizar esse comportamento em uma posição agachada, mas, independente da posição adotada, todo gato em algum momento da sua vida utiliza da marcação por urina e a maioria desses o faz de forma regular em ambientes fora de casa.

Não é um comportamento exclusivo de gatos machos e gatos de ambos os sexos ainda podem expressar depois de castrados. Um dos propósitos da marcação com urina no ambiente externo é de elaborar um sistema que assegura que o território de caça não esteja superlotado. Esse comportamento vai minimizar o risco do contato e confronto com um indivíduo desconhecido.

A marcação por urina também objetiva o sinal de disponibilidade para o acasalamento. Nesses casos a urina das fêmeas no cio apresenta um odor especial que informa o status sexual e nível de receptividade ao macho. Quando os gatos são castrados, esse comportamento (com esse objetivo) geralmente não acontece mais. Para evitar o surgimento de problemas comportamentais associados com essa forma de comunicação, machos e fêmeas devem ser castrados antes da puberdade.

Quando esse comportamento é observado dentro de casa, pode estar associado a uma tensão de grande estresse sofrido pelo gato (p. ex. a ameaça de outros gatos da vizinhança) como uma forma de comunicação quando outras formas falharam ou um comportamento aprendido para ganhar a atenção do dono.

Defecando como forma de comunicação:
Como a marcação pela urina, os gatos podem se comunicar com outros gatos usando suas fezes. Nesse sentido, eles as depositam deliberadamente em locais com o objetivo de passar uma mensagem. Esse comportamento geralmente é visto nas margens do território. Quando o gato defeca com esse objetivo, as fezes estarão aparentes.

É isso aí gente... Quando se trata de comportamento felino, há muito que se falar.

No próximo artigo falaremos um pouco mais sobre o comportamento felino, como a vocalização e posições do corpo e cabeça, para então podermos abordar os principais problemas comportamentais, como evitar e como tratar.

Um abraço a todos.

Alice Ribeiro
diarioveterinaria.blogspot.com
twitter: @alicevet



15 comentarios:

Zanarde disse...

Amei....
eu amo ler sobre o comportamento desses lindos...
a minha adora se esfregar em pessoas....e agora está urinando no tapete quando acha um....deve ser pq tem gatos rondando a minha casa....
obrigada...
bjsss

Gatos da minha vida: Lola, Lilica, Smigol e Preta disse...

Ameeeei, muito interessante!!! Por isso amo gatos!;-)
Bjinhaaus
Wayne

João Víctor disse...

Você esqueceu do "ataque de banho": quando um gato quer briGar (não briNCar) com outro e a lambeção unilateral começa até que o outro lado desista :-D

Muitos dos problemas é que alguns recém donos de gatos esperam que o comportamento do felino seja igual ao do cachorro (não agüentei evitar a comparação): pular, babar, fazer truques, etc. O gato é muito mais sutil, exige bem mais observação e subjetividade para entendê-lo.

BTW, Madeleine tenta chamar nossa atenção se arranhando nas nossas pernas. OK quando estamos de jeans, doloroso quando estamos de bermuda. Por outro lado, ela quase não mia, sempre foi calada. Vai entender...

Joana disse...

Muito boa a matéria. Acho importante conhecermos o comportamento com quem convivemos rs
Beijinhos

jill disse...

minha gata esta atacando os filhotes- AJUDA
No começo do ano apareceu uma gata na minha vida, Mulita foi amor a 1ª vista, era super arisca, mas fui conquistando ela pelo estomago, rsrsr, e ela se mudou de vez pra minha casa.
Com o passar dos dias vi que estava gravida, teve 3 gatinhos, Pedrito, Espuleta e Emy, lindos. Quando eles fizeram 3 meses vacinei a Mulita para não engravidar de novo, isso foi em julho, apartir da semana passada ela começou a agredir os filhotes, eles não podem chegar perto dela que são atacados, ela não come mais com eles, não dorme mais com eles, a noite quando estão todos dentro de casa ela fica inquieta, só se sente bem quando esta no meu quarto, ela adora dormir na minha cama, comigo ela é um amor.
Desconfio que ela esta gravida pois esta com a barriga grande e firme, mas não sei como pois quando os filhotes tinham 3 meses vacinei ela, no resto ela é normal, não esta triste, e não parece estar doente.
OQUE POSSO FAZER??
Joselma

Anônimo disse...

Olá, tenho dois gatos (macho e femea) e tenho quase certeza que é o macho quem muito raramente faz cocô no meio da sala. A femea claramente é a alfa,ele é muito doce com ela, mas as vezes eles se desentendem. Ele é muito maior que ela, mas evita subjugá-la fisicamente. Será que ele está querendo se afirmar com tal gesto? Abraços!

barbara disse...

Olá!
Tenho duas gatinhas, uma com 3 anos e outra com 1. A de 3 anos é a gata clássica: elegante, discreta, arredia, mas carinhosa quando quer. A Lola, de 1 aninho, é praticamente um cachorro! Tem todas as características: carente, afetuosa, grudenta (o que adoro), mas há um comportamento "canino" que não consigo entender, e o pior, não consigo corrigir: ela come qualquer coisa que for de tecido - cadarços, franjas de cobertores, toalhas, roupas. O que pode causar isto?
Obrigada,

Unknown disse...

Oi! quero uma ajuda... tenho uma gata fêmea castrada, e gatos machos que rondam minha casa.. as vezes pra comer a comida dela... urinam por fora da casa,.. e urinam nela tbm, o pelo dela fica com um cheiro forte muito horroroso,... que comportamento é esse ? alguém pode me ajudar?....

lindo disse...

Minha gata foi castrada e no segundo dia ela saiu no pátio e seus 3 filhotes ficaram arrepiados e estáticos com muito medo. Ela passou comeu e ao retornar, avançou na que ela mais gostava antes da castração. Tirei a gatinha e a mãe me mordeu minha perna saindo muito sangue. Era como se ela fosse uma gata totalmente estranha aos filhotes. Tive que prender os pequenos num cômodo separado. Alguém já passou por isso?

Maca disse...

Esse negócio de injeção ou vacina pra não ficar prenha, NÃO FUNCIONA. Vá a um veterinário de confiança e CASTRE. CASTRAÇÃO... Ou veja pelo programa da prefeitura que é de graça. E se os filhotes ja tiverem mais de 3 meses pode castrar tbm assim.eles não deixam as gatas de rua prenhas... E nem entre eles se quiserem cruzar... Evite a super população de animais...

Maca disse...

Olha querida eu ja passei exatamente por isso... A mãe doa meus bbs queria atacar um deles e eu ao defender o pequeno fui atacada na perna pela mãe... Dps disso ela nunca mais os aceitou como antes... Não defende mais , pelo contrário ,qq movimento ou barulho estranho ela ataca eles... Uma tristeza pois não posso mais deixá-los juntos sem estar perto... Mas não faça nada que possa se arrepender... Fale com um profissional que possa te ajudar...

Maca disse...

Olha querida eu ja passei exatamente por isso... A mãe doa meus bbs queria atacar um deles e eu ao defender o pequeno fui atacada na perna pela mãe... Dps disso ela nunca mais os aceitou como antes... Não defende mais , pelo contrário ,qq movimento ou barulho estranho ela ataca eles... Uma tristeza pois não posso mais deixá-los juntos sem estar perto... Mas não faça nada que possa se arrepender... Fale com um profissional que possa te ajudar...

Maca disse...

Esse negócio de injeção ou vacina pra não ficar prenha, NÃO FUNCIONA. Vá a um veterinário de confiança e CASTRE. CASTRAÇÃO... Ou veja pelo programa da prefeitura que é de graça. E se os filhotes ja tiverem mais de 3 meses pode castrar tbm assim.eles não deixam as gatas de rua prenhas... E nem entre eles se quiserem cruzar... Evite a super população de animais...

Maca disse...

Esse negócio de injeção ou vacina pra não ficar prenha, NÃO FUNCIONA. Vá a um veterinário de confiança e CASTRE. CASTRAÇÃO... Ou veja pelo programa da prefeitura que é de graça. E se os filhotes ja tiverem mais de 3 meses pode castrar tbm assim.eles não deixam as gatas de rua prenhas... E nem entre eles se quiserem cruzar... Evite a super população de animais...

Unknown disse...

Tenho um gato de 2 anos, o Fred. Ele é castrado mas agora consegue fugir pra rua à noite. O problema é que ele é muito brigão. Avança até em cachorros. Não sei mas o que fazer. Gostaria que ele fosse mais calmo. Já estou providenciando uma maneira dele parar de ir para a rua.

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