Bom dia gente, hoje eu estou aqui para falar um pouquinho sobre algo que é de conhecimento geral dos donos de pets e das mamães por aí, a verminose.

Chamamos assim a doença causada por parasitas, na grande maioria intestinais, e que possuem os mais diferentes ciclos de vida e meios de transmissão. Sabendo disso, o clínico veterinário deve estar atento tanto à prevenção quanto ao tratamento dessa afecção, lembrando que muitos agentes podem levar a condições sérias, como diarreia, vômito, anorexia, desidratação, anemia, perda de peso e até à morte.


Foto: imagem retirada do livro The Cat: Clinical Medicine and Management (2012)
Geralmente quando um filhote é trazido para a consulta pediátrica, e até para a primeira vacina, é perguntado se este foi vermifugado, isto é, se recebeu algum medicamento de ação vermicida (ou endoparasiticita) de forma preventiva. Mesmo que o filhote viva em um ambiente limpo, de baixo desafio (com baixa possibilidade de infecção), a infecção por vermes pode acontecer durante a gestação e a lactação, sem contar a reinfecção após o tratamento preventivo com endoparasiticida. O ideal é a realização de um exame de fezes nessa ocasião para a pesquisa de vermes intestinais, redondos e chatos, e pesquisa de protozoários. Mesmo que alguns deles só infectem filhotes a partir de certa idade (como os vermes chatos) muitas vezes os filhotes levados à clínica são adotados sem registro da data de nascimento.

Infelizmente a auto-medicação praticada pelos tutores se estende aos seus felinos e estes vão administrar o endoparasiticida que lhe convier, na dose e frequência de bula. Porém é importante ressaltar que esta prática é muito perigosa, afinal de contas para cada parasita identificado no exame de fezes (parasitológico de fezes), há um tratamento e um protocolo diferente, que vai variar de acordo com sua frequência na região e com a prática do clínico.

Geralmente o veterinário solicita que sejam coletadas três amostras de fezes dia sim dia não, ou três dias seguidos. Estas podem ser levadas frescas, no dia da coleta, para o laboratório, ou serem armazenadas no mesmo frasco contendo um conservante, como formol, e refrigeradas de 2ºC a 8°C.

O princípio de se coletar em dias diferentes se dá pelo fato de que alguns parasitas não liberarem ovos ou oocistos de forma regular, aumentando assim o valor diagnóstico desta forma. É importante o clínico saber qual a suspeita, pois existem verminoses que não liberam ovos nas fezes, e para fechar o diagnóstico é importante avaliar o vômito do gato doente, por exemplo (O. tricuspis), ou partir para outro meio diagnóstico.

Diversos clínicos têm sua predileção por esta ou aquela base farmacêutica para a prevenção ou tratamento dessas parasitoses, entretanto é comum vermos os colegas alterarem a medicação periodicamente, o que chamamos de alternância de base, pois desta forma estamos ampliando o raio de ação da conduta preventiva. 

As melhores formas de prevenir, além do uso de endoparasiticidas, são:
  • Manter o ambiente limpo, principalmente para as ninhadas;
  • Não permitir que os gatos façam passeios, podendo assim ter acesso principalmente à parques e praças;
  • Não permitir a caça ou consumo de caramujo, calango ou lagartixa, pois estes são hospedeiros (definitivo e intermediários, respectivamente) de uma verminose séria, causada pelo Platynossomum spp. A caça e consumo de pequenos roedores também podem levar à infecção por Taenia taeniformis, se estes estiverem infectados, bem como a Toxoplasmose, que pode também ser transmitida por aves e carnes cruas ou mal passadas contendo o cisto infectado.
  • Prevenir a infestação por pulgas, pois além de ser um ectoparasita que causa desconforto, coceira, feridas, etc, ele ainda pode ser hospedeiro de uma verminose importante, o Dipylidium caninum.

E a forma mais importante de prevenção ainda é o exame físico regular nas visitas ao veterinário. 

Este pode avaliar o peso, cuidados com a higiene pessoal do gato e aspecto geral, dentre outros aspectos que vão alertar para uma possível infecção por parasitas. Vale lembrar que algumas delas são zoonoses, isto quer dizer, podem ser transmitidas para os humanos, portanto vamos nos cuidar.

É isso aí, em outras postagens falarei sobre as verminoses mais importantes, vamos cuidar dos nossos bichanos para estarem sempre saudáveis, vítimas de muitos beijos e apertos.

Foto: Giane Portal / Fofuras Felinas

Até a próxima.

Dra. Alice Ribeiro de Oliveira Lima



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