Gatos domésticos são animais sociais, apesar do entendimento amplamente difundido em contrário. São capazes de uma ótima convivência com animais de outras espécies, inclusive o ser humano e também com outros gatos. Mas a introdução de um novo membro ao grupo de gatos pode ser estressante, caso os felinos se sintam desconfortáveis, podendo até ocorrer ataques. Assim, é preciso muita paciência no processo de habituação, que pode realmente demorar.

foto: giane portal / fofurasfelinas

Antes de apresentá-los, o ideal é deixar o novo gatinho num cômodo da casa sem acesso aos demais (gatos e cômodos), para que ele se habitue com os sons e objetos do novo ambiente. É importante disponibilizar água, comida e caixa de areia para todos.

Acostumar-se ao odor dos outros membros da colônia é um passo importante na habituação dos gatos, já que a linguagem odorífera é muito importante para eles. Daí a necessidades de habituação com os odores dos felinos que deverão conviver juntos. Assim, durante este estágio, deve-se esfregar regularmente cada um dos gatos com uma flanela e deixar esses paninhos embaixo do pratinho de comida do outro gato, para que eles já associem o cheiro dos demais com algo prazeroso (a hora de comer).

A utilização de feromônios sintetizados artificialmente pode ser muito eficaz no processo de habituação de um novo gato ao ambiente. O Felifriend® presta-se exatamente a este propósito, mas, infelizmente, este produto ainda não é fabricado no Brasil.


Quando se perceber que o gato (ou gatos) que já moravam na casa está apresentando seu comportamento normal e se mostrando curioso e confortável em relação aos sons do novo hóspede no cômodo dele, é hora de aproximá-los. Antes disso, seria interessante trocá-los de cômodo: ainda sem se verem, deixar o gato mais antigo no quarto do novo habitante, para que ele explore todos os cheiros deixados, e fazer o mesmo com o novo gato, deixando-o livre para explorar os demais cômodos da casa (ainda sem se verem!).

A aproximação efetiva pode ser feita por uma fresta da porta ou mesmo através de um portão telado, para que eles se vejam, mas ainda sem conseguirem se tocar. Uma barraca como a da foto abaixo também pode ser uma boa solução para ambientação do novo gato com os demais, garantindo-se a segurança de todos.



Outra opção é usar caixas de transporte, colocadas perto uma da outra, para que os gatos possam se ver. É importante sempre avaliar o nível de estresse e insegurança de todos os envolvidos: se constatado que o estímulo está alto demais e algum deles não está se sentindo confortável, deve-se recuar. Utilizar ração úmida para gatos neste momento é uma boa opção para uma associação positiva entre eles. Ou seja, enquanto estão no mesmo ambiente, pode-se oferecer a guloseima. Lembrando que, caso um dos gatos não aceite nem a comidinha deliciosa, significa que não está ainda confortável com a situação.

Só é conveniente soltá-los no mesmo ambiente quando todas as etapas acima forem seguidas e tiver sido constatado que todos estão confortáveis. A utilização de coleiras peitorais, próprias para gatos (desde que já estejam habituados ao uso deste acessório), ajuda, e muito, no controle em caso de ataques.

Finalmente, para que a convivência seja harmoniosa, é importante para os gatos que, no ambiente onde vivem, se sintam seguros e no controle das fontes de sobrevivência (caixas de areia, água e comida). Isto fará com que não tenham necessidade de manter o controle forçado sobre essas fontes, muitas vezes usando de agressividade. Neste sentido, é relativamente comum que um gato se sinta intimidado ao usar a caixa de areia ou tomar água e comer quando outro mais dominante fica à espreita, observando-o.

Por isto, no que diz respeito às caixas de areia, o ideal é oferecer, no mínimo, uma caixa a mais que o número de gatos da casa, e deixá-las à disposição em locais estratégicos, preferencialmente em lugares onde se perceba que cada um dos gatos prefere se aliviar. Além disso, vários potes de água fresca e/ou fontes de água, locais tranquilos para cada um se alimentar, prateleiras para que possam escalar e esconderijos onde possam ficar quando assim desejarem.

Tomando esses cuidados, a tendência é que a habituação seja um sucesso e todos possam viver em harmonia daí para frente!


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Cassia Rabelo Cardoso dos Santos
Colabora com textos para diversas publicações como o Guia Universo Pet, a Revista Pulo do Gato e a Revista Expressão. É adestradora da Cão Cidadão, franquia criada pelo especialista em comportamento animal Alexandre Rossi, que há mais de 10 anos atua no mercado oferecendo serviços de adestramento e consultas de comportamento em domicílio para gatos, cães e outros pets.
www.caocidadao.com.br



6 comentarios:

Marilia disse...

Excelente!

Unknown disse...

Valeu a dica galera, vou usá-las com minha gatinha de 2 meses q chegou há alguns dias, o gato de 8 meses da minha irmã e a "dona da casa" de 4 anos q até hoje ñ se acostumou com os novos moradores... hehehe.

Marcelo Samegima disse...

MUito legal a matéria, e ótimas dicas para veterinários como eu, conversarem com seus clientes, dando dicas valiosas.
Parabéns...

MArcelo Samegima Aleixo, coluna Gatos de raça...

Unknown disse...

Me chamo Priscila, moro em natl rn, meu gato( frederico) tem 4 anos e perdeu um rim e precisa beber agua , porem ele só bebe agua na torneira e precisa beber mais, comprei uma fonte que parece uma torneira mais ele só bebeu uma vez. vc pode me ajudar publicando alguma coisa? nós estamos muito apreencivos!!obrigada

ana carolina disse...

Olá eu peguei um gatinho na rua ha uns dois dias atras, e ele é muito pequenininho mas já é bem arisco e não pára de miar, ele não pode ver ninguem que se esconde e nem msm pega comida da nossa mão, será que vc conhece alguma solução? Obrigada

Debora disse...

muito boa a matéria.... pena que não li antes,(não conhecia o site)... ganhei dois gatinho anteontem e fiquei preocupada com a reação do Jonny( gato macho de 3 anos), por sorte esta sendo bem tranquilo. Ele não esta feliz com a presença dos novatos, mas ta conseguindo suporta-los sem causar encrencas.

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